terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Os jovens e as drogas




O acesso às drogas atualmente tornou-se tão fácil, que a lógica se inverteu, ficando muito difícil para o jovem resistir à tentação de não usá-las. Contudo, jovens tratados com respeito e próximos à família raramente se envolvem com drogas, desde que os pais criem oportunidades de diálogo sobre a seriedade desse e de outros problemas. Ao contrário do que se costuma pensar, os filhos adoram conversar com os pais e ter contato com a família, mas se esquivam porque os adultos confundem diálogo com sermão.

O jovem criado em um ambiente onde os pais se drogam com um remedinho para dormir, uma “biritinha” para alegrar e um cigarrinho para relaxar, tem mais propensão para buscar as drogas, pois lhe foi ensinado que é assim que se resolvem os problemas. Crescendo nesse ambiente, o jovem começa com o uso de cerveja ou vinho, muitas vezes nas festas familiares e até mesmo induzido pelos próprios pais quando ainda crianças. Não raro ouvimos a frase: “Molha o dedinho na cervejinha do papai, molha!”.

Daí eles passam para o cigarro e a maconha. A idade em que costumam experimentar alguma coisa é aos 11 anos. Num estágio seguinte, vêm os opioides, a cocaína e os alucinógenos. O uso do êxtase é comum. O jovem não precisa entrar nas favelas para comprá-los. Ele compra daquele seu amigo “boyzinho” que sempre viaja para o exterior.

O tratamento da adicção é muito difícil. Envolve psicoterapia, às vezes internamento, medicação e a participação da família, pois uma boa estrutura familiar ainda é o melhor tratamento preventivo e “curativo”. O álcool é uma droga perigosa e traiçoeira, por ser lícita. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o consumo de álcool um problema de saúde pública. O álcool causa dependência, tonturas cirrose, ataques epilépticos, acidentes, homicídio, distúrbios do sono, baixa imunidade, câncer, envelhecimento precoce, diminuição da fertilidade e do desempenho sexual, hepatite, insuficiência cardíaca, demência, náuseas e vômitos, falam incompreensível, reflexos comprometidos, comportamento violento, depressão respiratória, ressaca e morte por overdose.

Os jovens estão bebendo, matando e morrendo. Logo cedo, nas escolas, eles já se alcoolizam colocando a bebida (vodka) dentro da latinha de refrigerante ou da garrafinha de água, que mantêm sobre a mesa escolar. Bebem em festas e em casas de amigos. Todos os lares têm bebidas de fácil acesso e quando os pais percebem que os filhos as estão consumindo, pode ser tarde demais.

O álcool é a porta de entrada para as outras drogas. É uma droga depressora, que quando combinada com outras drogas produz efeito devastador. A dependência é uma doença crônica, complexa, grave e pode afetar qualquer pessoa. Nunca é demais lembrar: TODAS AS DROGAS SÃO PREJUDICIAIS Á SAÚDE.

Fatores de risco para o uso de drogas:

- atração por situações de risco e perigo;

- baixa auto-estima;

- baixa tolerância às frustrações;

- baixo rendimento escolar;

- dificuldades de relacionamento com os pais;

- embotamento da fantasia e da criatividade;

- estressores psicológicos;

- falta de firmeza ou coerência na educação;

- falta de religiosidade;

- necessidade de identificação com o grupo;

- necessidade de vencer limites;

- senso de realidade distorcido;

- sentimentos depressivos e ansiosos;

- tendência à compulsão;

- Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);

- transtornos alimentares;

- transtornos de conduta ou afetivos;

- curiosidade e pressão do grupo;

- associação com outras drogas;

- falta de bons modelos.





* Elizabeth Monteiro é pedagoga, psicopedagoga e psicóloga clínica. Autora dos livros "Criando Filhos em Tempos Difíceis" - Atitudes e Brincadeiras para uma Infância Feliz”, Ed. Mercuryo e "Criando Adolescentes em Tempos Difíceis", Ed. Summus.

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